Manguezais


O ecossistema manguezal

O que é ecossistema?

É o conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora, microorganismos e o ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfera mantêm entre si. Todos os elementos que compõem o ecossistema se relacionam em equilíbrio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um único elemento causa modificações em todo o sistema podendo ocorrer a perda do equilíbrio existente.
Os manguezais são um dos ecossistemas mais importantes e ricos do planeta, povoados por muitos animais e plantas exóticas. Abrigam e alimentam a fauna marinha composta por peixes grandes e pequenos, crustáceos, ostras, mariscos e caranguejos que se reproduzem em abundância e se alimentam das raízes nodosas das árvores e de suas folhas gordas, trituram os materiais orgânicos do solo e com suas carapaças e seus esqueletos calcários desempenham importante papel para a estruturação e consolidação do solo, contribuindo para o equilíbrio ecológico.
Para a natureza, os manguezais são considerados uma espécie de maternidade do mar, da fauna e da flora, e para o homem uma importante fonte de alimento, garantindo a sobrevivência da grande população ribeirinha de pescadores.
Aves como o pelicano, as garças, os colhereiros e o guará, também escolhem as florestas dos mangues para se abrigar e viver na época da reprodução.

Diferença entre mangue e manguezal

O termo “mangue” origina-se do vocábulo malaio “manggi mangii” e do inglês “mangrove”, servindo para descrever as espécies vegetais que vivem no manguezal, ou seja, é a árvore.
O termo “manguezal” é utilizado para descrever uma variedade de comunidades costeiras tropicais dominadas por espécies vegetais arbóreas ou arbustivas, que conseguem crescer em solos com alto teor de sal, ou seja, é um terreno cheio de mangue (o ecossistema).

Origem

Pesquisas indicam que as várias espécies de árvores de mangue originaram-se nas regiões do Indo-Pacífico, uma vez que nestas regiões há uma maior diversidade de espécies. Teorias sugerem que a sua migração para outras regiões do mundo, inclusive para a costa do Brasil, ocorreu há alguns milhares de anos atrás, através do transporte de propágulos de mangue (sementes germinadas) pelas correntes marítimas, quando os continentes encontravam-se mais próximos uns dos outros.

O que é o manguezal?

São regiões próximas ao mar, que recebem tanto água salgada, pela ação das marés, como água doce dos rios que ali desembocam.
É um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, característicos de regiões costeiras tropicais e subtropicais estabelecendo-se nas zonas entre as marés e sujeito ao regime das marés. Faixa de transição entre a terra e o mar, quase sempre, abrigados por rios e estuários.
É constituído por uma vegetação lenhosa e arbórea, que coloniza solos lodosos, adaptados às condições específicas deste ambiente.
No solo do lodo salgado e pouco arejado, rico em matéria orgânica e com baixo teor de oxigênio, desenvolvem-se plantas com adaptações muito especiais.
Algumas árvores, por exemplo, têm raízes que permitem a fixação nesse tipo de solo ou que se projetam para fora da água absorvendo, assim, o oxigênio do ar.
Esses ecossistemas apresentam uma grande variedade de espécies de microorganismos, macro-algas, crustáceos e moluscos, adaptados às constantes variações de salinidade e fluxo das marés. É o local favorável à proteção, alimentação, reprodução e desova de muitos animais. No que diz respeito à energia e à matéria, são sistemas abertos, recebendo, em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes do ambiente terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas.

Extensão

Os manguezais existem em praticamente todos os continentes que estão nas regiões tropicais e subtropicais, alcançando maiores extensões nos estuários ou locais de geografia plana onde a maré tem maior fluxo.
Apesar de ainda terem extensão relativamente grande no país e serem protegidas desde 1993 pelo Decreto Federal nº 750, as áreas de mangues brasileiras tiveram uma redução de cerca de 46,4% num período de quatorze anos. Um artigo publicado em 2001 na revista American Bioscience, por pesquisadores da Universidade de Boston, mostra um levantamento da destruição desse ecossistema, baseado no Atlas Mundial de Manguezais, feito em 1997 a partir de fotos de satélites.
De acordo com o estudo, o Brasil tinha uma área de aproximadamente 25 mil quilômetros quadrados de manguezais em 1983 e, segundo fotos de satélites, passou a ter apenas 13,4 mil quilômetros quadrados em 1997.
Os pesquisadores norte-americanos apontam entre as possíveis causas a proliferação de fazendas para exploração do camarão e o desmatamento para uso da lenha do mangue. Mas existem outros agentes de degradação, como esgotos industriais e domésticos e, nos últimos anos, o mundo assistiu a agressões mais severas a esse ecossistema das regiões tropicais litorâneas: os acidentes envolvendo derramamento de óleo nas águas costeiras do oceano.

Importância dos manguezais

Os manguezais desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira. Por essa razão, constituem-se em ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversificados do planeta.
A sua biodiversidade faz com que essas áreas se constituam em grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies típicas desses ambientes, como para animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, que aqui encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo, quer tenham valor ecológico ou econômico.
Com relação à pesca, os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. Por essa razão, a sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno.
Com relação à dinâmica dos solos, a vegetação dos manguezais serve para fixar os solos, impedindo a erosão e estabilizando a linha de costa, além de formar uma barreira de proteção das áreas ribeirinhas diminuindo as inundações.
As raízes do mangue funcionam como filtros de retenção dos sedimentos. Constituem ainda importante banco genético para a recuperação de áreas degradadas, por exemplo, como aquelas por metais pesados.
As raízes submersas são utilizadas como fonte para o extrativismo vegetal, retirando-se o tanino, utilizado na curtição e polimento de couros e peles, assim como na pintura das velas de embarcações.


Forma de reprodução

A grande maioria das árvores típicas do manguezal apresenta reprodução por viviparidade, que consiste na permanência das sementes na árvore-mãe até que se transformem em embriões, chamando-se estas estruturas de propágulos que acumulam reservas nutritivas para que sobrevivam por períodos longos até que encontrem o local apropriado para fixação.
Além destas espécies que determinam as características principais de um mangue, existem outras formas vegetais como várias espécies de epífitas como bromélias. Há, ainda, várias formas de gramíneas.
Nas últimas décadas a intervenção humana tem causado prejuízos avassaladores ao meio ambiente. E, como todo ecossistema brasileiro, o mangue também tornou-se vítima passiva da degradação ambiental decorrente da pesca e da caça predatórias, desmatamento, erosão aterramento, lixo urbano, despejos industriais, derramamento de óleo entre outros.
A degradação dos mangues vem causando grande desequilíbrio à fauna marinha de toda a costa litorânea brasileira, comprovada pela escassez dos estoques naturais de camarões, peixes, lagostas, caranguejos, siris e muitos outros crustáceos e moluscos habitantes dos mangues.
Como o planeta Terra é o berço da vida de milhares de espécies e como a natureza é pródiga na sua biodiversidade, ainda há muito o que se preservar e ainda há tempo de combater a degradação ambiental. Resta apenas que todos os habitantes da terra e as gerações futuras assumam o compromisso com a preservação e conservação do meio ambiente, investindo no gerenciamento ambiental, no uso de tecnologias limpas e na utilização dos recursos naturais renováveis e sustentáveis.







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