Velhice saudável


VELHICE SAUDÁVEL OU REJUVENESCIMENTO?

Notícias e propagandas veiculadas pela mídia criam a falsa impressão de que a Ciência nos leva a passos largos em direção à fonte da juventude. É fato que o ser humano está mais longevo, graças ao avanço das ciências médicas, mas ainda são parcos os resultados das pesquisas para conter a degradação da vida celular.
Confunde-se, porém, longevidade com rejuvenescimento. Por baixo da pele que cirurgias plásticas e creme podem até tornar mais bonita, o processo de envelhecimento prossegue com alterações moleculares e celulares que acarretam perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo. ‘Não existe comprovação científica de produtos ou medicamentos que ajudem a rejuvenescer. Estamos apenas engatinhando em busca daquilo que a indústria já coloca como verdadeiro’, afirma a professora Nelci Fenalti Hoehr, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Não falta conhecimento de causa a Nelci Hoehr, que trabalhou no Instituto Nacional do Envelhecimento (National Institute on Aging, NIA), um enorme prédio em Baltimore (EUA), povoado por pesquisadores envolvidos com genes do envelhecimento e as mudanças provocadas por defeitos genéticos, doenças ou fatores ambientais. A professora ressalta que os esforços da ciência, no momento, não se concentram em conter o envelhecimento, mas em assegurar maior qualidade de vida enquanto a idade avança.
‘Os estudos genéticos permitem saber para quais doenças estamos predispostos, influenciando em condutas médicas que evitem ou retardem seu desenvolvimento. A primeira recomendação do médico é sempre de fugir de alimentos gordurosos e de praticar exercícios físicos, prevenindo o acúmulo de substâncias oxidantes no organismo’, exemplifica.
Nesta batalha no mundo celular, a comunidade científica volta-se principalmente para os radicais livres, visto que esses grupos de átomos contendo oxigênio já estão associados à maioria das doenças freqüentes na velhice, como as cardiovasculares, as neurodegenerativas, arteriosclerose, catarata, cânceres e hipertensão.
São chamados de radicais livres porque possuem um ou mais elétrons desemparelhados, quando o normal é que os elétrons se organizem em pares. Obviamente, é muito mais complicado do que isso, mas a ação dos inimigos pode ser resumida assim: em busca do elétron para formar o par, os radicais livres atacam moléculas presentes nas células, que são oxidadas e degradadas.
Há uma reação em cadeia, formando-se novos radicais livres, que atacam outros compostos, o que resulta em vastas lesões nas estruturas celulares.
As células podem produzir radicais livres a partir da própria respiração, quando uma pequena parte do oxigênio é desviada de seu curso metabólico normal, ganhando um elétron.


Drogas e medicamentos, como álcool, cigarro e antibiótico, formam outra fonte de produção de radicais livres pelas células do fígado. Radiações de ultravioleta solares, infravermelho, gama (aparelhos de raios X) e de luz fluorescente (lâmpadas do ambiente de trabalho) também promovem lesões oxidativas.
Por outro lado, as células possuem mecanismos de defesa contra os radicais livres: as enzimas e compostos antioxidantes naturais como as vitaminas C e E, os carotenos e polifenóis.

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